St. Omer, 1717-1855 [Obra Principal]

St. Omer é uma cidade do norte da França, no departamento de Pas-de-Calais. A cidade e sua catedral compartilham o nome e o patrimônio do santo que trouxe o cristianismo para o local. Existem dois órgãos nesta catedral: o órgão principal na galeria ocidental e um pequeno órgão de altar. O instrumento virtual apresentado nestas páginas é baseado na gravação do grande instrumento que foi originalmente construído pelos irmãos Thomas e Jean-Jacques Desfontaines em 1717. Ele tinha 45 registos. O caixa do órgão altamente decorada é uma obra-prima de vários membros da família de escultores, pintores e carpinteiros Piette e Baligand. Esta caixa de órgão é, de fato, excepcional e provocou admiração desde a época de sua criação até hoje. Aristide Cavaillé-Coll disse que era uma das caixas de órgão mais notáveis de todos os tempos. Da mesma forma, ele elogiou muito a qualidade da parte instrumental deste órgão ao inspecioná-lo em 1852 antes da restauração. No entanto, ele descobriu que o tempo, o uso, as mudanças posteriores e as mutilações do instrumento causaram tal deterioração que o instrumento deveria ser restaurado completamente. Ele propôs "trazer este órgão de volta à primeira posição que ocupava entre os instrumentos de seu século."

Após uma visita a St Omer em 1853, Aristide Cavaillé-Coll fez uma proposta para restaurar, modernizar e aumentar o instrumento. No decorrer do trabalho, ele foi assistido pelos organistas Parisot (afinação) e Chaff (ação). Cavaillé-Coll forneceu novos ventos, nova consola, instalou a máquina Barker, e trocou os foles. Ele mudou parcialmente ou adicionou 30 registos:

5 novos registos para Positif: Trompette, Clairon, Dulcianne, Montre, Salicional,
6 novos registos para G.O.: Montre 16, Montre 8, Viola 16, Prestant 4, Gambe 8, Flute 4
4 novos registos para Bombarde: Bombarde 16, Trompette 8, Clairon 4, Basson-hautbois 8,
Todos os registos de Récit novos,
4 novos registos para Pedale: Flute 16, Bombarde 16, Trompette 8, Clairon 4.
O órgão foi originalmente afinado em um tom "francês", que era um tom completo mais baixo do que a afinação normal do final do século XIX. Cavaillé-Coll, portanto, elevou a afinação do instrumento ao padrão da época. A reconstrução do órgão foi concluída em 14 de outubro de 1855. A inauguração do órgão ocorreu em 24 de junho de 1855, por Louis-James Lefébure-Wély, organista da igreja de St. Sulpice (Paris).

O grande órgão de St. Omer deve, portanto, ser classificado como um instrumento Cavaillé-Coll ainda relativamente "jovem" do tipo transicional. O instrumento está indubitavelmente caminhando em direção ao estilo sinfônico em design, afinação, meios técnicos, mas ainda apresenta sinais inconfundíveis do ideal sonoro do órgão barroco, porque o construtor de órgãos reutilizou uma grande parte do material de tubos anterior. Portanto, ele difere muito em som do - para dar um exemplo - instrumento de Caen, que também está disponível na coleção Sonus Paradisi.

O Positif é tocado a partir do teclado mais baixo, e é a divisão onde se reconhece uma composição barroca mais tradicional. O Grand Orgue é dividido em dois manuais. Os Fonds (os registos de base) ocupam o segundo teclado, enquanto os registos aliquote e os tubos de palheta estão colocados no terceiro manual (Bombarde). Juntos, acoplados, a divisão está completa. Este design ainda ecoa a moda da divisão Raisonance do século XVIII francês; uma dessas pode ser encontrada nos conjuntos de amostras de St. Maximin, que também está disponível na coleção Sonus Paradisi. Além disso, o Pedal é muito conservador em composição. A tendência sinfônica se manifesta plenamente no Récit expressif, que é tocado a partir do teclado mais alto.

A parte instrumental do órgão foi classificada como monumento histórico em 1973. A restauração do órgão foi realizada por Haerpfer entre 1985 e 1988.

Leitura adicional:

Bernard Hesdin: Orgues en Nord / Pas-de-Calais. Série Organa Europae. Brochuras ilustradas. F.F.A.O. 1992.